PROJETOS DE PESQUISA E PUBLICAÇÃO RECENTE


Docente: ANGELA MARIA RUBEL FANINI

Linha de Pesquisa: POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE

Fonte de financiamento: CNPq (Bolsista em Produtividade em Pesquisa)

Projeto: SUBJETIVIDADE, IDENTIDADE E DISCURSO: A CRIAÇÃO DISCURSIVA DO(A) TRABALHADOR(A) NA LITERATURA A PARTIR DA ANÁLISE DIALÓGICA DO DISCURSO

Descrição: Este projeto vincula-se ao Grupo de Pesquisa “Teoria literária e crítica cultural”, registrado no CNPq, inserindo-se no Programa de Pós-Graduação em Teoria da Literatura da Uniandrade, área de Letras.

O projeto analisa como o universo do trabalho, importante dimensão humana, é recriado pelo discurso literário em variados textos da Literatura romances, crônicas, contos, poemas). Sobre o mundo do trabalho inúmeros discursos milenares já foram emitidos. Desde a antiguidade grega, passando pela Bíblia até os nossos dias, milhares de vozes literárias, do cotidiano, jornalísticas, de base legal, do campo da Economia, da História e da Sociologia foram constituídas a fim de se refletir e organizar a atividade laboral de homens e mulheres. Nas análises da área de Letras essa temática vem sendo só muito recentemente tratada por alguns grupos nacionais de investigação. Desse modo, a partir do âmbito literário é possível verificar como os escritores veem o universo extraliterário do trabalho e como o fazem migrar para o interior do mundo ficcional, representando-o sob diversas maneiras .Essa representação se dá a partir de diversos ângulos em que afloram variadas ideologias a que os escritores estão vinculados. Também se pretende perceber como a subjetividade do trabalhador(a) representado(a) pelas personagens vai se constituindo nos textos estudados, imprimindo uma certa identidade tanto particularizada quanto genérica para o trabalhador. Como substrato teórico, utilizar-nos-emos da obra de Mikhail Bakhtin e do Círculo russo, tratando sobremodo da dialogia, carnavalização, relação do autor com as personagens e constituição da subjetividade, aplicando a Análise Dialógica do Discurso. Nesse diálogo, conversaremos com Karl Marx, Friedrich Engels, George Lukács, Paul Lafargue, Robert Kurz, André Gorz, cujas obras são importantes fontes de conhecimento sobre a atividade laboral humana. Atualmente a pesquisa agrega análise de discursos jornalísticos sobre o trabalho e obras literárias sobre o trabalho. Os escritores estudados são Maria Firmina dos Reis, Pagu, Roniwalter Jatobá e Maya Angelou.

Participantes: João Carlos dos Passos, Jucélia da Silva Amaral, Thamiris Langue Mysczak (alunos do Mestrado da Uniandrade)

Publicação recente: FANINI, A.M.R.; VENTURA, M.D.P.A peça Mãe de Alencar e as vozes sociais sobre a questão afro-brasileira. Bakhtiniana – Revista de Estudos do Discurso, v. 14, n. 3, p.176-198, 2019. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/bakhtiniana/article/view/36669


Docente: ANNA STEGH CAMATI

Linhas de Pesquisa: POÉTICAS DO CONTEMPORÂNEO

Projeto 1: DO DRAMA AO PÓS-DRAMÁTICO: LINGUAGENS DRAMÁTICAS E CÊNICAS EM REVISTA

Descrição: O projeto objetiva estudar a subversão de protocolos tradicionais de raiz aristotélica e hegeliana em textos de teatro e na cena para promover um amplo debate sobre o desenvolvimento de novas temáticas, linguagens e proposições estéticas no campo das artes cênicas, do drama ao pós-dramático, tomando como base perspectivas teóricas literárias, artísticas, filosóficas e culturais de críticos da contemporaneidade, como Peter Szondi, Patrice Pavis, Hans-Thies Lehmann, Jean-Pierre Sarrazac, Josette Féral, Marvin Carlson, Anne Ubersfeld, Sílvia Fernandes, Ingrid D. Koudela, Luiz Fernando Ramos, entre outros. O projeto visa, ainda, abordar tópicos relacionados com questões identitárias e com a  mudança de estatuto da personagem no teatro, entre eles a crise do sujeito e a nova concepção da subjetividade a partir da segunda metade do século XIX; a personagem como processo e produto das relações sociais; a desconstrução ou fragmentação da personagem individualizada; a personagem costurada ou figura humana feita em pedaços;  a personagem alegórica construída a partir de uma dimensão coral com traços característicos de uma categoria social; a condensação de traços humanos;  a impossibilidade do retorno biográfico de si mesmo; a despersonalização ou desfiguração da personagem e o questionamento da própria possibilidade de existência identitária. O projeto relaciona-se com as disciplinas “Teorias do Teatro” e “Poéticas da Cena Contemporânea”.

Participantes: Carla Costa Ramos; Daniel de Toledo; Eliane da Silva Gomes; Fabricio de Lima Morais; Johnes Tadeu Gomes (mestrandos); Márcia Marques de Azevedo dos Santos (disciplina isolada).

Linha de Pesquisa: LITERATURA E INTERMIDIALIDADE

Projeto 2: MÍDIA(META)MORFOSES: RELAÇÕES ENTRE A LITERATURA E OUTRAS ARTES E MÍDIAS

Descrição: O projeto visa estudar as relações entre o texto literário e outras artes e mídias, como o teatro, o cinema, a televisão, a pintura, o romance gráfico e a fotografia em contextos culturais, históricos e geográficos diversos. Com base em perspectivas teóricas contemporâneas de Claus Clüver, Linda Hutcheon, Gérard Genette, Irina Rajewsky, Liliane Louvel, Henry Jenkins, Robert Stam, Randal Johnson, Ismail Xavier, Júlio Plaza, Haroldo de Campos, Patrice Pavis, Peter Burke e Silviano Santigo, as práticas (inter)textuais, (inter)midiáticas e (inter)culturais, que conduzem a novos modos de percepção e geram novos sentidos, serão investigadas, entre elas reescrituras, novelizações, écfrase, poesia visual, Sound Art;  a adaptação como fenômeno histórico, cultural e intermidiático; a transposição midiática ou tradução intersemiótica; a combinação de mídias diversas em contextos mixmídia, multimídia e intermídia; as referências intermidiáticas; os cruzamentos de fronteiras e a transmidialidade; a remediação e sua importância na criação de novas mídias e de mídias digitais; e as interfaces e hibridizações entre duas ou mais mídias. O projeto relaciona-se com a disciplina  “Poéticas da Reciclagem”.

Participantes: Fátima Maria Ortiz Lour (mestranda); Silvandra Mara Henrique Rodrigues (graduação). 

Publicação recente: CAMATI, A. S. “Tupi or not Tupi, That is the Question”: Brazilian Mythical Afterlives of Shakespeare’s Hamlet.  In: MANCEWICZ, A.; JOUBIN, A. A. (eds). Local and Global Myths in Shakespearean Performance, Reproducing Shakespeare. NewYork: Palgrave Macmillan, 2018. p. 121-136. Disponível em: https://www.amazon.co.uk/Global- hakespearean-Performance-Reproducing-Shakespeare/dp/3319898507


Docente: BRUNILDA TEMPEL REICHMANN

Linha de Pesquisa: LITERATURA E INTERMIDIALIDADE

Projeto 1: TRANSPOSIÇÕES MIDIÁTICAS E/OU RELEITURAS INTERMIDIÁTICAS

Descrição: Este projeto objetiva trabalhar as transposições midiáticas e as releituras de textos literários. A noção de “texto” é utilizada para significar qualquer trabalho criativo ou releitura, qualquer manifestação artística nas artes ou mídias. Considerando, no entanto, que Literatura e Intermidialidade é uma das linhas de pesquisa do programa em Teoria Literária, a visada literária sempre terá prioridade sobre outros objetivos; a literatura sempre terá primazia sobre outras expressões artísticas. Este projeto guarda-chuva pretende abarcar vários desmembramentos que serão desenvolvidos ao longo de anos e que resultarão em publicação. A maioria dessas tratará de romances e adaptações fílmicas, de peças teatrais e suas adaptações, de romances e adaptações em séries televisivas, entre outros, e terá como embasamento teórico os conceitos trabalhados por Gérard Genette (estruturas narrativas), Jacques Aumont (estética do filme), Brian McFarlane (romance para o cinema), Robert Stam (teoria do cinema), Claus Clüver (intermidialidade), Irina Rajewsky (intermidialidade, intertextualidade e remediação), dentre outros.

Participantes:  Brunilda Reichmann (docente), Francis Raime Zagury Matos e Claudia Regina Camargo (mestrandos); Amanda Cilião; Felipe Eduardo Alves da Silva; Helena Bittencourt e Thais dos Santos Pires (graduação – Iniciação Científica).

Linha de Pesquisa: POÉTICAS DO CONTEMPORÂNEO

Projeto 2: A NARRATIVA SOB MÚLTIPLOS OLHARES

Descrição: Este projeto está relacionado à linha de pesquisa Poéticas do Contemporâneo e à disciplina Teorias da Narrativa e Teoria e Estudos Literários. O objetivo principal desse projeto é demonstrar como textos literários – contos, novelas e romances – podem ser lidos criticamente por vários ângulos. Os participantes deste projeto debruçar-se-ão sobre vários textos e, partindo de uma leitura minuciosa, verão qual das abordagens críticas do século XX e XXI, estudadas nas disciplinas mencionadas, melhor se aplica à análise da narrativa. Com isso, demonstrarão que o texto suscita múltiplos olhares críticos ou múltiplas leituras. As abordagens críticas trabalhadas são: crítica genética (Salles, Grésillon), estética da recepção (Iser e Jauss), descontrucionismo (Derrida, Culler), crítica psicanalítica (Freud, Jung, Lacan), estudos de gênero (Butler, Holanda), teoria queer (Foucault, Sedfwick, Butler, Rich), novo historicismo (Gallager & Greenblat), dentre outras.

Participantes: Brunilda Reichmann (docente), Ana Lúcia Darú (discente UNIANDRADE).

Publicação recente: REICHMANN, Brunilda Tempel. “TÁ DIFICÍCIL COMPETIR”: ADAPTAÇÃO DA TRILOGIA DE MICHAEL DOBBS, HOUSE OF CARDS, PELA BBC E PELA NETFLIX, Ilha do Desterro: A Journal of English Language, Literatures in English and Cultural Studies, UFSC, v. 72, n. 1. (2019), p. 213-234. ISSN: 0101-4846. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-80262019000100213


Docente: CÉLIA ARNS DE MIRANDA

Linha de Pesquisa: LITERATURA E INTERMIDIALIDADE

Projeto: ESTUDOS INTERARTES: TEXTO, PALCO E TELA (Fase 2)

O projeto ESTUDOS INTERARTES: TEXTO, PALCO E TELA (Fase 2) é uma proposta que prevê, por um lado, a inclusão dos meus orientandos tanto de Mestrado quanto de Doutorado cujas pesquisas estão perfeitamente integradas dentro das linhas de pesquisa ‘Literatura e outras linguagens’ e ‘Estudos intermidiáticos’. Por outro lado, como o próprio título já anuncia, o projeto está constituído por subprojetos que dialogam com tendências estéticas contemporâneas dentro do âmbito das artes literária, teatral e visual. As relações dialógicas entre textos atravessam uma variedade de mídias, desafiam encontrar a melhor forma de estudá-las objetivando destrinchar as implicações conceptuais que as sustentam.

Participantes: Célia Arns de Miranda e Lourdes Kaminski Alves

Publicação recente (capítulo de livro): MIRANDA, Célia Arns. Estou te escrevendo de um país distante: um Hamlet contemporâneo por Felipe Hirsch. IN: Hamlet no Brasil. Curitiba: Ed. UFPR, 2019, p. 191-214. Disponível em: https://www.editora.ufpr.br/produto/380/hamlet-no-brasil


Docente: EDSON RIBEIRO DA SILVA

Linha de Pesquisa: POÉTICAS DO CONTEMPORÂNEO

Título: O DIÁRIO, A CRÔNICA, O BLOG E OUTRAS MODALIDADES CURTAS DE ESCRITAS DO EU COMO CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE E DE PROCEDIMENTOS ESTÉTICOS

Descrição: Se, em princípio, o conceito de autobiografia, em Philippe Lejeune, se referia a um gênero textual, com uma devida forma cristalizada, ao longo do tempo ele foi estendendo o conceito a todas as modalidades de escrita de si, em que um eu tem a si mesmo como objeto. Assim, passaram a ser autobiográficos gêneros como o diário, a carta, a crônica, o ensaio e até mesmo aquelas formas modernas, digitais, que ainda não foram categorizadas, como as que têm os blogs como suporte. Esse alargamento do conceito certamente se insere no fenômeno da “guinada subjetiva”, conforme definido por Beatriz Sarlo, ou no que se tem chamado de “autobiografização”, o crescimento da produção de textos com intenção autobiográfica, uma tendência para a aceitação das escritas de si não apenas como atitude legítima, mas também como possibilidade para elaborações que superam o documental e ganham valor como arte literária. Assim, essas manifestações que perseguem uma intencionalidade como obra de arte devem ser investigadas com a devida atenção pela teoria literária. O objetivo do presente projeto é investigar essas possibilidades de escrita de si como literatura. Da mesma forma, é observar o modo como essas escritas de si, através do olhar interior, são vistas por quem as produz como forma de constituição e de compreensão da subjetividade, conceito problemático da cultura pós-moderna. O conceito de sujeito, por conseguinte, passa a ser um dos focos de atenção do projeto, observado em tais gêneros. 

Participantes: Fernanda Dante (egressa) ; Daniel Zanella;  Nathalia Caroline Araújo Ribeiro e Fernandes, Franciele Aparecida Nogozeky e Schenya Caroline Nunes de Oliveira (mestrandas).

Publicação recente (capítulo de livro): SILVA. Edson R. da. O modelo facilitador da educação brasileira como resistência a princípios científicos e normativos. In: SILVEIRA, Éderson Luís & SANTANA, Wilder Kleber Fernandes de (Orgs.). Educação: ressonâncias teóricas e práticas, v. 2. São Carlos: Pedro & João Editores, 2019. p. 132-148. Disponível em: https://ebookspedroejoaoeditores.files.wordpress.com/2019/10/educac3a7c3a3o-ressonc3a2ncias-2.pdf


Docente: GREICY PINTO BELLIN

Linha de Pesquisa: POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE

Projeto 1: INTERTEXTUALIDADE E CONFLUÊNCIA NA OBRA DE MACHADO DE ASSIS

Descrição: O objetivo do projeto é analisar as relações de intertextualidade e confluência estabelecidas entre a obra machadiana e outras obras da literatura brasileira, portuguesa, latino-americana, norte-americana e inglesa. Apesar de tais relações já terem sido fartamente exploradas pela fortuna crítica do escritor, conforme evidenciam as análises de José Luiz Passos, Gilberto Pinheiro Passos e Marta de Senna, muitos aspectos ainda cumprem ser analisados, tais como as relações estabelecidas entre os textos de Machado e escritores norte-americanos, entre eles Henry James e Edgar Allan Poe. Os conceitos de paródia e emulação formulados, respectivamente, por Linda Hutcheon e por João Cezar de Castro Rocha são de fundamental importância para a compreensão das formas pelas quais Machado dialoga com outros textos, diálogo este que reflete, em última instância, a geometria do poder literário em contextos não-hegemônicos. Neste sentido, as reflexões de Pascale Casanova, Silviano Santiago e Boaventura de Sousa Santos, entre outros, fornecerão uma relevante contribuição para o levantamento dos aspectos relacionados à intertextualidade e confluência na obra de Machado de Assis, aspectos estes intimamente relacionados à questões políticas próprias de contextos marcados pelo que Antonio Candido chamou de “dialética do local e do cosmopolita”, materializada na oscilação entre imitar modelos estrangeiros e buscar uma identidade literária própria.

Participantes: Johnes Tadeu Gomes (UNIANDRADE), Gledson Brugnolo (UNIANDRADE), Juciane de Bonfim Santos (UNIANDRADE), Fernanda Eméri Mokfa Matitz Celuppi (UNIANDRADE), Fernanda Dante, Rosângela Rauen e Jaqueline Kupka (egressas Mestrado UNIANDRADE), Beatriz Pires Pacheco (graduação em Letras UNIANDRADE), e Simone Rodrigues (graduação em Letras UNIANDRADE). 

Linha de Pesquisa: POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE

Projeto 2: A CRÔNICA DE MACHADO DE ASSIS: UM HOMEM EM SEU TEMPO E EM SEU LUGAR. 

Descrição: O projeto objetiva investigar as crônicas de Machado de Assis desde a década de 1860, início de sua carreira literária, até a década de 1890, em que o Bruxo escreve a magistral série intitulada A semana. Transparece, nas crônicas, a visão crítica de Machado acerca dos acontecimentos históricos, políticos e sociais de sua época, os quais encontram em recursos estilísticos e formais a sua mais plena realização. Com base no que Hans Ulrich Gumbrecht e João Cezar de Castro Rocha (2019) chamam de gelassenheit, termo traduzido para o português como “serenidade”, faremos um mapeamento estrutural do discurso crítico de Machado em relação aos problemas de sua época, discurso este que reveste as crônicas de um zeitgeist que, até hoje, permanece pouco explorado pela fortuna crítica do Bruxo.

Participantes: Johnes Tadeu Gomes (UNIANDRADE), Beatriz Pires Pacheco (graduação em Letras UNIANDRADE), Simone Rodrigues (graduação em Letras UNIANDRADE), Rex Nielson (Brigham Young University) e James Remington Krause (Brigham Young University).    

Publicação recente: BELLIN, Greicy Pinto. Literary Confluences Between Edgar Allan Poe and Machado de Assis: A Comparative Analysis Between “The Tell-Tale Heart” and “O enfermeiro”. International Journal of Humanities and Social Science, v. 9, n. 2, (2019), p. 117-125. Disponível em: https://www.ijhssnet.com/journal/index/4302


Docente: MAIL MARQUES DE AZEVEDO

Linha de Pesquisa: POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE

Projeto: O ESTATUTO REFERENCIAL DAS NARRATIVAS DE SI: QUESTIONAMENTOS E REFLEXÕES

Descrição: A distinção entre o ficcional e o não ficcional torna-se cada vez mais problemática nos dias de hoje, em sintonia com avalanche da literatura confessional de autoria de escritores, acadêmicos, cientistas, ou de pessoas que ocuparam transitoriamente o foco da atenção pública. Em paralelo, as redes sociais acompanham a tendência, fornecendo um veículo acessível para o impulso insaciável do ser humano de identificação narrativa. Cresce no mesmo ritmo a atividade de análise crítica sobre a escrita autobiográfica, que inclui desde o questionamento de autenticidade até estudos analíticos relevantes sobre o papel da imaginação nesses relatos. O presente projeto dá continuidade a outros que desenvolvemos anteriormente sobre o tema, que resultaram em dissertações, artigos e comunicações, além de incentivar pesquisas posteriores, e tem o objetivo central de desenvolver estudos sobre a poética das narrativas de vida. Constituem as referências principais as obras de Phillipe Lejeune, James Olney, Paul John Eakin, Leigh Gilmore e outros, conforme as particularidades das pesquisas desenvolvidas por alunos de graduação ou mestrado, regulares e especiais. Para o estudo indispensável dos mecanismos da memória na reconstituição do passado, utilizam-se como apoio teórico os conceitos de Maurice Halbwachs. No processo de rememoração, o relato autobiográfico conduz inevitavelmente à autoanálise e, como corolário, a questões de identidade. Decorre daí a pesquisa sobre as narrativas do “eu” como forma de afirmação pessoal, de identificação e de reivindicação de direitos. Outro aspecto a ser pesquisado é o cunho autobiográfico da obra de escritores canônicos e os projetos autobiográficos subjacentes à obra de escritores da atualidade. O paradoxo da autobiografia literária, seu jogo duplo essencial, indica Phillipe Lejeune, é pretender ser, ao mesmo tempo, discurso verídico e obra de arte. Neste particular, este projeto inclui o estudo específico dos conceitos de autoficção, a fim de pesquisar fontes teóricas e produção literária sobre o tema direcionadas para a disciplina “Escritas de si. Autoficção”, introduzida recentemente no currículo.

Participante: Mail Marques de Azevedo (coordenadora), Franciele Nogozeki (mestranda da UNIANDRADE).

Linha de Pesquisa: LITERATURA E INTERMIDIALIDADE

Projeto 2: INTERMIDIALIDADE E REFERÊNCIAS INTERMIDIÁTICAS NOS ESTUDOS LITERÁRIOS

Descrição: O título amplo traduz os objetivos do projeto: abrigar diferentes subprojetos de acadêmicos dos Cursos de Letras (graduação) e do Curso de Mestrado em Teoria Literária, dedicados à pesquisa das relações entre a literatura e outras mídias. Como parte do trabalho do grupo de pesquisa Intermídia,voltado para as relações entre escrita, imagem e som, bem como entre vários meios de expressão e mídia, em atividade desde 2005, na UFMG, este projeto desenvolve estudos dos conceitos de intermidialidade, na linha teórica de Claus Cluver e Irina Rajewski, tanto em sentido amplo de termo genérico para fenômenos que ocorrem entre diferentes mídias, como no sentido restrito de transposição e combinação midiática, ou de referências intermidiáticas. Incluem-se também como base teórica os estudos contemporâneos de Linda Hutcheon, Gérard Genette, Robert Stam, Randal Johnson, Ismail Xavier e Bolter & Grusin.

Participantes: Mail Marques de Azevedo (coordenadora), Dyuliane Alves de Oliveira (mestranda da UNIANDRADE).

Publicação recente: AZEVEDO, Mail Marques de. Gender Relations and Rebellion in Jamaica Kincaid’s Autobiographical Project. Scripta Uniandrade, v. 17, n. 1 (2019), p. 58-75. Disponível em: https://uniandrade.br/revistauniandrade/index.php/ScriptaUniandrade/issue/current


Docente: MARCELO BARBOSA ALCARAZ

Linha de pesquisa: POÉTICAS DO CONTEMPORÂNEO

Projeto: LITERATURA E ESPAÇO BIOGRÁFICO

Descrição: A intenção desse projeto é dar continuidade a um processo de pesquisa e aprofundamento da tese de doutoramento defendida na Universidade Federal de Santa Catarina, em 2014, com o título, “O imaginário da solidão em espaços (auto)biográficos” e do pós-doutoramento na Universidade do Minho, em Portugal. O espaço biográfico (ARFUCH, 2008) expresso em obras literárias e artísticas, diz respeito a configuração de rede social proposto por Norbert Elias (1993) como aspectos de internalizações de esquemas civilizatórios, denominado como habitus. Norbert Elias torna possível a aproximação entre a escrita de si, tendo como fio condutor observável a solidão, o espaço biográfico e autobiográfico visível nas relações históricas e na composição das esferas públicas e privadas em uma rede de relações em que o habitus muda e assim os sujeitos também. A trama dos tecidos sociais expressas na formulação de espaços biográficos e autobiográficos compreendidos inclusive nas mudanças entre espaços privados e públicos na arquitetura de casas reflete que a leitura e a intimidade, a solidão, compõem uma internalização expressiva biográfica e imagética na construção simbólica nos espaços que se entrecruzam entre a literatura, a filosofia e os sujeitos. Interessam a esse estudo, sobretudo, obras literárias inseridas no conceito amplo de Espaço Biográfico e escritores brasileiros e latino americanos contemporâneos inseridos nesse contexto, entres os quais, Mário Levrero, César Aira, Ricardo Lísias e Felipe Charbel.

Linha de pesquisa: ESCRITA CRIATIVA

Projeto 2: REINVENTAR O MUNDO: A CRIAÇÃO DE FORMAS BREVES

Descrição: A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, é um exemplo contundente   no qual se interelacionam   dimensões estéticas, filosóficas e literárias. Nessa pequena novela, a estória de Macabéa inova na linguagem centrada no próprio ato da pergunta, da dúvida. Ao invés da certeza do cógito, o narrador se coloca diante da incerteza de tudo, das relações sociais, do valor da própria escrita na sociedade capitalista. A morte e a vida são uma das condições inexoráveis próprias da humanidade. A obra pode ser compreendida como uma metáfora do conhecimento e do próprio ato de escrever como incompletude.  Como a epígrafe aponta, “a palavra é fruto da palavra”. Mas a palavra delineia histórias, narrativas, fatos, ou aparência de fatos, assim epistemologicamente os espaços de fala. Pretendo, nesse projeto, assim como os narradores de Clarice,  realizar exercícios de criação literária que surjam da  incompletude e do espanto diante do vazio do mundo hodierno. O objetivo maior  é a criação de formas breves, para dizer com Ricardo Piglia, textos quase sempre fronteiriços, que expressem de algum modo a fluidez e a aceleração contemporânea: contos, crônicas, prosa poética, trechos de diários íntimos ou pequenos aforismos.

Participação: Fernanda Emeri Mokfa Matitz Celuppi e Juciane de Bonfim Santos (mestrandas).

Publicação recente: ALCARAZ, Marcelo Barbosa; ALCARAZ, Rita de Cássia Moser. A branquidade na literatura infantil:uma herança da colonialidade. Revista Guavira, v. 14, n.28 (2018), p. 360-370.


Docente: OTTO LEOPOLDO WINCK

Linha de pesquisa: ESCRITA CRIATIVA

Projeto: TEORIA DA NARRATIVA E ESCRITA CRIATIVA

Descrição: À luz da narratologia de Roland Barthes, Gérard Genette, Paul Ricoeur, Umberto Eco e Yves Reuters, pretende-se examinar os procedimentos e os elementos constituintes da narrativa, desde a focalização até a relação entre o tempo do narrado e o tempo do narrar, passando pelas anacronias (analepses e prolepses) e os demais elementos do texto narrativo. A partir disso, o nosso alvo é exercitar os mais diversos modos narrativos. OBJETIVO GERAL: estudar, analisar e exercitar os principais elementos da narrativa. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: a) ter uma visão geral do funcionamento interno da “máquina” narrativa; b) atualizar os conhecimentos de narratologia e articulá-los com as demais áreas dos estudos literários; c) com base nesses estudos, produzir textos narrativos em que esses elementos sejam experimentados; d) relacionar os modos de representação e os meios representados, servindo-se para tanto de aportes de Bakhtin, Walter Benjamin e Lukács e Franco Moretti.

Participantes: Natanael Melo, Rodrigo Engelbert e Janderson da Silva

Publicação recente: WINCK, Otto Leopoldo. Cosmogonias. Curitiba: Kotter Editorial, 2018. 120p. Disponível em: https://kotter.com.br/loja/cosmogonias/


Docente: PAULO HENRIQUE DA CRUZ SANDRINI

Linha de Pesquisa: ESCRITA CRIATIVA

Projeto 2: ESCRITA CRIATIVA E CONTEMPORANEIDADE

Descrição: Este projeto de pesquisa centra-se na discussão de fundamentos estéticos e discursivos presentes nos textos ficcionais de décadas recentes (produzidos no Brasil e no exterior). As abordagens de pesquisa se estendem ainda ao campo das adaptações de romances e contos para o meio audiovisual e de narrativas gráficas. Além disso, a criação literária é analisada a partir de suas relações com os recentes fenômenos midiáticos, bem como suas relações dialógicas com o texto extraliterário verificáveis nos processos de enxerto e mescla de enunciados em narrativas ficcionais contemporâneas. Os estudos acerca da arquitetônica ficcional possibilitam uma compreensão mais aprofundada das relações entre conteúdo e forma, criação e linguagem.

Participantes: Fátima Maria Ortiz Lour e Rita de Cássia Morvan

Publicação recente: REICHMANN, Brunilda; SANDRINI, Paulo. O mez da grippe – da calamidade pública à estética híbrida. Scripta Uniandrade, v. 16, n. 3 (2018), p. 90-109. Dispoível em: https://uniandrade.br/revistauniandrade/index.php/ScriptaUniandrade/article/view/1154/931


Docente: RITA DE CASSIA MOSER ALCARAZ

Linha de Pesquisa: POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE

Título: LITERATURA DE FRONTEIRAS

Descrição: Este projeto de pesquisa centra-se no estudo dos estudos culturais na intersecção entre gênero, raça e etnia, na compreensão da reflexão de obras literárias produzidas no continente africano, com ênfase em Moçambique,  na América do Sul e Caribe em uma perspectiva decolonial para se pensar a literatura de representação e com representatividade em cosmogonias fundantes na autonomia de identidades e subjetividades que se relacionam com as políticas e sua significação ao visibilizar vozes e sujeitos no espaço da literatura em relação com vários segmentos sociais e na intersecção de gêneros, raças e etnias seja na literatura infantil e juvenil ou na grande área literária. Neste sentido, a escrita designa o fruto de experiências como resgate ancestral na perspectiva de Achille Mbembe, de Aimé Cesaire, de bell hoock, entre outros e funda uma perspectiva afrodiaspórica como local de origem e assim em espaços memorialísticos, diarísticos e coletivos. Dessa forma, a literatura não é apenas um espaço de afirmação identitária, mas de inauguração de uma história contada sobre outra perspectiva rompendo modelos contra hegemônicos, pelas imagens-palavras no (re)conhecimento da literatura com personagens negros, escrita por vezes por escritores negros conforme as teorias e estudos no Brasil  como um processo central e não mais a margem. A ruptura então de modelos e discursos de resistência inauguram uma reflexão que (re)significam e deslocam fronteiras da margem para o centro.

Participantes: Carla Costa Ramos, Dyuliane Alves de Oliveira (mestrandas).

Publicação recente: ALCARAZ, Rita de Cássia Moser, ALCARAZ, Marcelo Barbosa. A branquidade na literatura infantil:uma herança da colonialidade. Revista Guavira, v. 14, n.28 (2018), p. 360-370.


Docente: SIGRID RENAUX

Linha de Pesquisa: POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE

Projeto:  LITERATURAS ESTRANGEIRAS EM PAUTA: DESAFIOS CRÍTICOS

Descrição: O tema de estudo para este quadriênio “Literaturas estrangeiras em pauta: desafios críticos” tem, de início, por objetivos básicos: interrogar a noção de “literatura estrangeira” na atualidade, refletir sobre os desafios críticos que acompanham essa designação, bem como a demanda de uma necessidade de se repensar acerca da condição de “estrangeiro” e suas múltiplas reverberações nos dias de hoje. E, além disso, efetuar um questionamento das relações entre literatura e nação; literatura e língua; literatura e território;  literatura e pátria; literatura e deslocamentos; literatura e processos (des)colonizadores; literatura e tradução; bem como sobre o ensino da literatura estrangeira.

Publicação recente (capítulo de livro): RENAUX, Sigrid. Do sol ao silêncio: uma leitura simbólico-bachelardiana de imagens em Hamlet. IN: Hamlet no Brasil. Curitiba: Ed. UFPR, 2019, p. 47-66. Disponível em: https://www.editora.ufpr.br/produto/380/hamlet-no-brasil


Docente: VERÔNICA DANIEL KOBS

Linha de Pesquisa: LITERATURA E INTERMIDIALIDADE

Projeto: ARTES, MÍDIAS & TECNOLOGIAS

Descrição: O projeto trabalha com o conceito de mídia em dois sentidos distintos: a) veículo de comunicação; b) tipo de arte. Desse modo, articulam-se os conceitos de interartes e intermidialidade (ELLESTRÖM, 2017; MÜLLER, 2012; SCHRÖTER, 2012). Nas análises que integram o trabalho, a literatura tem espaço privilegiado. Dessa forma, interessam as conexões do texto literário com outros tipos de textos, seja no processo de composição (obras híbridas — que utilizam signos verbais e não-verbais — e obras intertextuais) ou de adaptação (fílmica, teatral, pictural, etc.). No que se refere à tecnologia, objetiva-se identificar e avaliar as mudanças que ela possibilita na produção, na recepção e na divulgação do texto literário (LÉVY, 2010), com ênfase à literatura digital (BEIGUELMAN, 2003; SANTAELLA, 2003). Essa comparação, por sua vez, possibilita que a mídia literária seja analisada em seus formatos tradicional (livro impresso) e contemporâneo (e-books e textos on-line). Do mesmo modo, as demais mídias e artes serão avaliadas, a partir da confrontação dos formatos atual e anterior, diferenciados amplamente, pelo uso dos recursos tecnológicos (BOLTER; GRUSIN, 2000).

Participantes: Profa. Dra. Verônica Daniel Kobs, Danielle Fracaro da Cruz (aluna do mestrado da Uniandrade), Ariadne Patricia Nunes Wenger (aluna do mestrado da Uniandrade) e Kathya Fecher Dias (aluna da graduação da Fae).

Publicação recente: KOBS, Verônica Daniel. Linguagens e formas da cultura multitelar em Homens, mulheres & filhos. Verbo de Minas, vol. 19, n. 34 (ago./dez. 2018), p. 249-267. Disponível em: https://seer.cesjf.br/index.php/verboDeMinas/issue/view/78/showToc

A área de concentração – Teoria Literária  –  abriga quatro linhas de pesquisa:
I – Políticas da Subjetividade: abriga estudos relacionados às subjetividades da pós-modernidade, presentes na literatura e em outras expressões culturais.
II – Poéticas do Contemporâneo: abriga estudos relacionados à estética literária e à intertextualidade.
III – Literatura e Intermidialidade: abriga estudos da literatura e outras artes e mídias, tais como cinema, teatro, pintura e música.
IV – Escrita Criativa: aborda criticamente o processo de criação textual, compreendendo os mais diversos gêneros literários (narrativo, lírico, dramático).
DESCRIÇÃO DAS LINHAS DE PESQUISA E RELAÇÃO ENTRE AS LINHAS E AS DISCIPLINAS
I – POLÍTICAS DA SUBJETIVIDADE
Esta linha de pesquisa volta-se aos estudos de cultura, teoria, história e crítica literária com vistas à investigação dos processos de construção da subjetividade nos contextos literário, histórico, político e cultural. Investigação dos processos pelos quais o texto literário articula as relações de poder que dão origem à formação do sujeito romântico, tanto em seu aspecto político, quanto ontológico, ético e epistemológico. Estudos cujo enfoque redunda na produção de saberes capazes de ampliar a compreensão em torno das políticas que foram ou estão sendo empregadas no processo de construção das subjetividades, tanto por meio da individualidade, quanto através da coletividade. Discussão das formas e práticas de construção da subjetividade das minorias nos textos de autores representativos da minoria estudada.
Entende-se aqui a subjetividade romântica como um conjunto de valores identitários representativos da relação de forças no campo artístico, histórico e cultural do período. Os estudos propostos nesta linha pretendem aproveitar a metodologia do pensamento romântico como anotação intermediária, visto que ao centrar a produção do discurso num EU histórico e individualizado, o romantismo, paradoxalmente, multiplica olhares sobre indivíduos.
Por outro lado, as investigações do humano ganham dimensão mais complexa a partir do momento em que é possível questionar a dicção clássica do homem; a experiência surge como errância do sujeito centrado no discurso individualizado, cúmulo de angústias e destinos opacos. Torna-se possível pensar pela lógica da diferença. Diferença de credo, de raça, de forma e de lugar. Dessa forma, as séries se complexificam e operam num meio em que a força dos campos social e político se relativizam radicalmente. Por outro lado, mas em simultaneidade, estudar os processos identitários posteriores ao romantismo significa também acompanhar as linhas de totalitarismo que buscam “estancar” as vozes da diferença no meio social, político e cultural. Trata-se, portanto, de investigar e questionar as dicções do humano que ganham voz e lugar por meio de individualidades que se chocam ou se harmonizam caoticamente numa nova lógica de disputas e acordos nos campos social, político e cultural; trata-se, ainda, de verificar como opera a lógica de estatuir valores nacionais a partir de construções identitárias que tomam por base princípios determinados por forças sociais hegemônicas. Da mesma forma, cabe aqui a investigação da noção de raça ou etnia dentro e fora dos discursos nacionais; ou mais, a questão de gênero, presente na reflexão sobre autoria e identidades sexuais do discurso cultural nos meios social e político.
Neste sentido, o vocábulo “política” é aqui empregado para além de sua acepção tradicional, implicando não só as relações decorrentes do poder de Estado, mas toda e qualquer forma pela qual o poder se manifeste. Nesse sentido, o poder é uma prática social, algo que se exerce. O poder e a política, assim concebidos, dão origem a um duplo paradoxo. Em primeiro lugar, pressupõe-se a existência de sujeitos, de alguém que submeta outrem a seu domínio e outro alguém que se deixe submeter. Contudo, a própria ideia de subjetividade já pressupõe as relações de poder, uma vez que o sujeito só se reconhece a si mesmo na apreensão fenomenológica da existência de um Outro. Em outras palavras, a política pressupõe a subjetividade e, ao mesmo tempo, a subjetividade só se dá como resultado do exercício da política. Em segundo lugar, o modo como o texto literário articula as relações de poder que dão origem à formação do sujeito pressupõe uma referência a uma instância extratextual, o contexto, seja este o do autor, do leitor, dos personagens ou de mais de um destes concomitantemente. A linha de pesquisa Políticas da Subjetividade se define, portanto, como uma investigação acerca do modo como o discurso literário encontra uma solução poética e não necessariamente especulativa aos paradoxos mencionados acima.
Disciplinas relacionadas à linha de pesquisa Políticas da Subjetividade
Disciplinas nucleares ou propedêuticas (4001, 4002, 4003, 4004, 4005)
Código 4006 – Crítica Cultural
Código 4007 – Passagens da Modernidade
Código 4008 – Poéticas e Políticas Afro-Americanas
Código 4010 – Linguagens da Alteridade
Código 4020 – Tópicos de Leitura I
Código 4021 – Tópicos de Leitura II
II – POÉTICAS DO CONTEMPORÂNEO
Eixo de estudos que buscam evidenciar as tensões entre as posturas mais pragmáticas e tradicionais dos estudos literários e a perspectiva mais genérica e inclusiva que tem marcado a atuação teórica contemporânea, sobretudo quando se pensa na diversidade de reciclagens, combinações e recombinações no âmbito dos gêneros textuais e das múltiplas abordagens teóricas. Estudo das poéticas literárias em suas expressões contemporâneas, com ênfase à passagem da modernidade à pós-modernidade e à desconstrução dos discursos de caráter totalizante.
Os termos “moderno” e “pós-moderno” são problemáticos e controvertidos. O significado dos conceitos de modernidade e modernismo depende do contexto em que se originaram e em que são usados. Modernidade implica uma oposição a algo, e particularmente a uma época histórica que tenha passado e sido superada. Nas artes e na literatura, usa-se o vocábulo “modernismo” para nos referirmos ao desenvolvimento de formas de arte mais auto-reflexivas que surgem no final do século XIX. Outrossim, os usos da palavra “pós-modernismo” mostram tamanha diversidade de significados que ela própria contesta a simples definição. O romance pós-moderno, por exemplo, poderia ser descrito como incorporando um experimentalismo à forma narrativa, por intermédio do qual se busca um rejuvenescimento das convenções estabelecidas da própria forma.
Em outras palavras, o pós-modernismo é um discurso estético de vanguarda, que procura superar as limitações das convenções tradicionais ao procurar novas estratégias para descrever e interpretar a experiência. De acordo com Lyotard, o pós-modernismo não deve ser compreendido como uma progressão histórica que sinalize uma partida presente de um modernismo passado. O modernismo é, na verdade, caracterizado como uma resposta a um conjunto de preocupações que já são, elas mesmas, pós-modernas, uma vez que incorpora um forte desejo nostálgico pelo senso perdido de unidade e constrói em seguida uma estética de fragmentação. O pós-modernismo, ao contrário, começa com a falta de unidade mas, ao invés de lamentá-la, celebra-a. Estas discussões são retomadas por outros críticos associados ao pós-modernismo, como Jean Baudrillard, Fredric Jameson, Jacques Derrida, Michel Foucault, Luce Irigaray, entre outros.
Diante do exposto, optou-se pelo uso do termo “contemporâneo” para dar conta da multiplicidade de linguagens, pluralidade de abordagens teóricas e tendências críticas da época atual, uma vez que o texto literário e suas reciclagens artísticas apresentam-se hoje de forma múltipla, instável e complexa, numa variedade infinita de manifestações ainda pouco pesquisadas. Objetiva-se caracterizar os processos de construtividade, visando a problematização das complexas relações de forma e conteúdo em todos os níveis, nos termos das concepções estéticas e das metalinguagens hoje vigentes.
A contemporaneidade se caracteriza pela multiplicidade de linguagens literárias, pluralidade de abordagens teóricas e tendências críticas. A reciclagem artística, ou seja, a apropriação e/ou adaptação de textos, elementos culturais, formas e convenções literárias herdadas, que também se fez presente anteriormente, é uma tendência marcante. A contaminação de gêneros, a permeação de técnicas e recursos literários, os procedimentos paródicos e combinatórios e o dialogismo intertextual tornaram-se, na época de hoje, lugares comuns. Consideramos relevante, portanto, investigar as manifestações literárias que se fizeram necessárias para expressar a realidade em processo e a relatividade de valores de nossos dias, cujo mapeamento servirá para ampliar a discussão em torno da relação forma /conteúdo e constituir-se-á em veículo fecundo para repensar as relações do homem de hoje com o mundo contemporâneo.
Disciplinas relacionadas à linha de pesquisa Poéticas do Contemporâneo
Disciplinas nucleares ou propedêuticas
Código 4011 – Poéticas da Modernidade
Código 4012 – Poéticas da Reciclagem
Código 4013 – Poéticas da Cena Contemporânea
Código 4020 – Tópicos de Leitura I
Código 4021 – Tópicos de Leitura II
Código 4022 – Tópicos de Leitura III
III – LITERATURA E INTERMIDIALIDADE
Esta linha de pesquisa “Literatura e Intermidialidade” pretende debater os conceitos de intermidialidade sob uma perspectiva que vai além de um simples comparativismo, focalizando especialmente o estudo das inter-relações, dos contágios, das imbricações e dos atritos entre a literatura e outras formas de arte/mídia, que, cada vez mais convergem, gerando processos discursivos cada vez mais complexos. Transitando entre a materialidade do texto literário e a semiologia do texto, da imagem e do som, esta linha tem como meta o estudo dos processos de produção de sentido, valendo-se de conceitos como transposição midiática e intermidialidade, tradução ou transposição intersemiótica, adaptação intermidiática, entre outros. Entre seus objetivos, destacamos a análise crítica de obras (contemporâneas ou não), constituídas de textos em diferentes mídias, incluindo produções baseadas na combinação de várias mídias (espetáculos teatrais, óperas, filmes, histórias em quadrinhos, instalações e canções), bem como transposições intermidiáticas (adaptações cinematográficas, romantizações, etc.) e referências intermidiáticas: musicalização da literatura, transposition d’art, ecfrases – representações verbais de textos compostos em signos não verbais –, referências a pinturas em filmes e fotografias, entre outros.
Com enfoque transdisciplinar, esta linha de pesquisa visa a estudar as relações entre a literatura e outras artes e mídias sob o ponto de vista das teorias da Intermidialidade. Como se sabe, os Estudos da Intermidialidade constituem uma resposta à tendência à especialização extrema, que tem impedido uma compreensão mais aberta das profundas interações entre as várias formas de mídias e artes na contemporaneidade. Durante as últimas décadas, estudos sobre a Intermidialidade e a Multimodalidade têm sido estabelecidos em diversas instituições de ensino superior na Europa e na América do Norte. Entretanto, essa abordagem não é inteiramente nova, pois os Estudos da Intermidialidade foram precedidos historicamente por áreas como Estética, Filosofia, Semiótica, Literatura Comparada, Estudos da Mídia e da Comunicação, bem como Estudos Interartes. Na verdade, essa área foi denominada inicialmente “Artes Comparadas”, termo compreensível apenas para aqueles que o associavam ao conceito de Literatura Comparada. Em seguida passou a se chamar “Interarts Studies”, que corresponde a “Estudos Interartes”, em português; porém, nos países de língua alemã, a área sempre teve a denominação de Estudos da Intermidialidade.
Os Estudos da Intermidialidade ampliam o escopo de suas pesquisas ao incorporar o termo “mídias” (e não apenas “artes”): como o conceito de “arte” está associado a certos valores e convenções culturais, o termo “mídia”, com sua ênfase na materialidade dos produtos de uma mídia, tem se mostrado frequentemente mais adequado para a produção cultural desde o início do século XX – sem, no entanto, eliminar um discurso sobre “arte” em determinados contextos. Em suma, podemos definir a Intermidialidade basicamente como o estudo da cooperação e colaboração entre as mídias e as formas de arte, isto é, dos fenômenos que ocorrem entre as mídias. Assim, esse tipo de pesquisa trata de produtos culturais marcados pela ausência de limites entre uma arte/mídia e outra, consciente de que não há formas artísticas/midiáticas “puras”, já que todos os tipos de mídia e de arte estão relacionados de várias maneiras.
Esta linha de pesquisa se propõe a funcionar como uma rede, na qual os pesquisadores envolvidos podem realizar um amplo debate sobre a pertinência do conceito de intermidialidade como um operador de leitura de textos (no sentido amplo deste termo), além de promover pesquisas sobre produtos culturais/artísticos caracterizados pelo cruzamento de artes e mídias.
Disciplinas relacionadas à linha de pesquisa Literatura e Intermidialidade
Disciplinas nucleares ou propedêuticas
Código 4014 – Imagem e Literatura
Código 4015 – Estudos de Intermidialidade
Código 4016 – Literatura e Tecnologia digital
Código 4020 – Tópicos de Leitura I
Código 4022 – Tópicos de Leitura III
IV – ESCRITA CRIATIVA
Esta linha de pesquisa foi implantada considerando-se a vocação do programa para tratar da prática da escrita e de seus processos criativos. Tal vocação emergiu da presença, dentre o corpo docente do Doutorado, de professores escritores bastante representativos no meio literário regional e nacional. São eles: Edson Ribeiro da Silva, Marcelo Alcaraz, Otto Leopold Winck, Paulo Sandrini e Sigrid Renaux. Esta linha considera que os estudos literários, corretamente compreendidos, não se resumem ao estudo do texto enquanto entidade textual autônoma, tampouco à análise das condições de sua produção – isto é, ao contexto, aquilo que está no “entorno” do texto – ou à história de suas múltiplas e sucessivas recepções.
Recentemente desenvolveu-se um campo de estudos teóricos e práticos em que o texto literário é analisado enquanto processo de criação na sua interação ambivalente com as artes e os processos humanos mais amplos. Nesse sentido, pretende-se lançar um olhar sobre os bastidores, por assim dizer, do processo criativo, libertando-o na medida do possível das concepções românticas que ainda o envolvem. Desde Edgar Alan Poe que os autores mostram que o processo criativo não depende unicamente daquilo que é chamado de inspiração, mas também de um trabalho consciente de organização de ideias e palavras, baseado em técnicas e teorias e considerando as mais diversas instâncias do sistema literário.
O processo criativo em si é, atualmente, tema abordado a partir de diversas concepções, desde a crítica genética até a semiótica. Tal processo pode constituir ele mesmo uma tomada de posição do escritor e do artista, contribuindo para a discussão do aspecto ideológico da literatura. A relação do autor com o texto, o conceito de autoria e suas relações com a tramas textuais, os diferentes processos criativos e suas teorias de base, a articulação entre criação consciente e inspiração são alguns dos objetos desta linha de pesquisa. Da mesma forma, é alvo de análise a dialética entre invenção e tradição, e como isso se dá dentro de um determinado sistema literário, com seus mais variados vínculos e diálogos com o campo do extraliterário. Entrando no complexo universo dos gêneros literários, os elementos da narrativa e suas articulações arquitetônicas, a poesia e sua “hesitação” entre som e sentido também são alvo dos estudos aqui desenvolvidos. Mas como essa linha de pesquisa desborda da teoria para a prática, exercícios de escrita criativa serão basilares nesse processo, com a produção e a análise de diversos textos narrativos, poéticos e dramáticos, entre outros.
Não se pode deixar de considerar também os fenômenos mais recentes de escrita colaborativa e sincrônica, típica das plataformas digitais, e sua inserção no sistema da literatura, as implicações no processo criativo literário, a problematização da relação entre autor e leitor e, por que não, os efeitos desta prática na circulação e recepção da obra literária. Enfim, como o processo criativo está no centro do campo discursivo que se denomina “literatura”, é na presente linha de pesquisa que ele receberá em nosso programa toda a atenção analítica e prática.
Disciplinas relacionadas à linha de pesquisa Escrita Criativa
Disciplinas nucleares ou propedêuticas
Código 4017 – Escritas de si – Autoficção
Código 4018 – Escrita Criativa I
Código 4019 – Escrita Criativa II
Código 4020 – Tópicos de Leitura I
Código 4021 – Tópicos de Leitura II

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